quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Transplante de células-tronco devolve visão a pessoas cegas

Estudo com 18 pacientes nos EUA mostra que injeção dessas células na retina não causa rejeição e permite reverter danos incuráveis.

         Há muitos anos se pensa que as células-tronco poderão curar doenças regenerando órgãos danificados pelo Alzheimer, o diabetes ou o infarto. Por enquanto esses objetivos continuam impossíveis, mas um estudo traz agora um dos primeiros exemplos de como as células-tronco podem reverter uma doença incurável.
Nos Estados Unidos, um transplante com células-tronco embrionárias, capazes de se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo, devolveu a visão a pessoas cegas. O procedimento também melhorou a vista de pacientes que tinham uma vida limitada por graves deficiências visuais. No total, foram tratados 18 pacientes que sofriam de duas doenças da retina, ambas incuráveis, e que são a causa mais comum de cegueira entre jovens e adultos nos países desenvolvidos. Uma delas, sozinha, chega a atingir cerca de 40 milhões de pessoas em todo o mundo. Apesar de nem todos os pacientes terem se beneficiado do tratamento, a maioria envolvida no estudo teve sua visão melhorada – algum deles, de maneira espetacular.
“Um dos pacientes era um criador de cavalos de 75 anos, cego de um olho”, conta ao EL PAÍS Robert Lanza, diretor científico da Advanced Cell Technology (ACT), empresa norte-americana que financiou o estudo. Segundo Lanza, um mês depois do tratamento, a visão do paciente tinha melhorado tanto que ele pôde voltar a montar a cavalo e até perceber um fio de arame farpado em seu caminho e que poderia ter-lhe derrubado do animal. Tecnicamente, o olho tratado deixou de ser cego para ter uma acuidade visual de 20/40, ou seja, suficiente para a pessoa dirigir e equivalente a 50% da capacidade total normal.
“Outros pacientes também relataram melhoras surpreendentes” depois de ter recebido o transplante e agora podem fazer “pequenas tarefas” que antes eram impossíveis, como consultar o relógio, usar um computador ou até pegar um avião, afirma Lanza, que também é professor-adjunto da Universidade Wake Forest. “Outra de nossas pacientes acordou uma manhã e, ao abrir os olhos, viu pela primeira vez que os móveis de seu quarto eram decorados com um relevo que ela nunca tinha notado antes”, exemplifica o médico, que há décadas pesquisa esse tipo de terapia biotecnológica.

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