O estudo do mecanismo pelo qual os agentes mórbidos produzem as doenças e como o organismo se comporta diante dos mesmos, constitui um importante capítulo da Medicina, que teve em Rudolf Virchow (1821–1902) um dos seus grandes incentivadores, chamando a atenção para as modificações celulares surgidas como causa ou efeito das doenças que o comprometem.
Entre os distúrbios que acometem o ser humano, encontram-se:
- os que são próprios do corpo, como as doenças e os males orgânicos;
- os que afetam particularmente o psiquismo, que são os distúrbios mentais;
- os que incidem simultaneamente no corpo e seu psiquismo, que são os distúrbios psicossomáticos;
- os que se apresentam como distúrbios da alma, que podem manifestar-se pelos sintomas e sinais que se enquadram entre as doenças referidas, mas que se apresentam com características próprias, com vínculos etiológicos específicos e que necessitam de tratamento especializado.
Na verdade, o sofrimento da alma está sempre presente, tanto na dor física como na dor moral, visto que a alma participa de todos os atos da vida, e não pode alienar-se nos casos que envolvem o sofrimento humano. Assim, o sofrimento da alma está presente em todos os casos de sofrimento físico e pode manifestar-se por sintomas psicossomáticos de ansiedade, aflição, medo, depressão, pânico ou desespero. Pode advir, igualmente, em decorrência de doenças graves em pessoa da família ou da perda de entes queridos, de bens materiais ou diante de problemas econômicos, sociais ou afetivos. As doenças da alma podem ser causadas por agressões físicas ou morais e se caracteriza por afetar as pessoas na sua sensibilidade emocional, fazendo-as sofrer. A falta de reconhecimento das doenças da alma, como entidades nosológicas que acometem o ser humano, decorre da pouca importância que é dada aos estudos da mesma, os quais ficam restritos às religiões e às instituições esotéricas, embora a alma seja um constituinte não menos importante do organismo.
A alma é o centro de todas as potencialidades do ser humano; é de onde emanam seus pensamentos, sua inteligência, seus pendores artísticos, sua percepção científica, seu caráter, sua intuição, sua própria consciência. A ação dos pensamentos é fundamental, podendo causar doenças e dificuldades na vida, quando impregnados de emoções negativas; como também podem promover saúde e bem-estar, quando impregnados de emoções positivas. Movidos pelo propósito de estimular o progresso nos diferentes campos da Ciência, alguns autores mostram o valor do pensamento para o progresso nos diferentes setores da Medicina.
Miguel Couto, insigne professor de Clínica Médica quando encarnado, nos dizia: “A ciência mental, com base nos princípios que presidem a prosperidade do espírito, será, no grande futuro, o alicerce da saúde humana. No pensamento residem as causas.”
Do mesmo parecer é Dr. Joaquim Murtinho: “O pensamento, qualquer que seja a sua natureza, é uma energia e tem seus efeitos. Transformando-se em núcleo de correntes irregulares, a mente perturbada emite linhas de força que interferirão, como tóxicos invisíveis sobre o sistema endócrino, comprometendo-lhe a normalidade das funções. Mas não são somente a hipófise, a tireóide ou as cápsulas supra-renais, as únicas vítimas da viciação. Múltiplas doenças surgem para infelicidade do indivíduo desavisado. Moléstias como o aborto, a loucura, a nevralgia, a tuberculose, as afecções do coração, as úlceras gástricas e duodenais, a histeria e todas as formas de câncer podem nascer dos desequilíbrios do pensamento.”
E ainda o Dr. Roberto Brólio, que exerce Clínica Médica há mais de 45 anos no estado de São Paulo, nos afirma: “A prática da Medicina deverá encontrar novos caminhos para alcançar um paradigma condizente ao exercício profissional, fundamentado no conhecimento da alma e no conceito segundo o qual as ações médicas deverão ser realizadas sob a égide do amor fraterno, procurando ver o doente além do seu corpo físico e da sua mente, alcançando a grandeza da sua alma. É na alma que se encontram as raízes de inúmeras doenças.”
Dessa maneira, compreende-se que o pensamento seja indutor da saúde ou das doenças, e estas se manifestam por sintomas orgânicos, psíquicos ou psicossomáticos. Em geral esses sintomas não são identificáveis pelos recursos de diagnóstico disponíveis e se manifestam, inicialmente, por sintomas psíquicos como ansiedade, inquietação, angústia, temores, insônia, depressão, insegurança, baixa estima, medos, que podem acompanhar-se de sintomas físicos como dores localizadas ou generalizadas, distúrbios funcionais digestivos, respiratórios, circulatórios, hepáticos e outros, fazendo com que as pessoas acometidas passem intermináveis períodos de sua existência, atormentadas pelo sofrimento.
O controle dessas patologias deve basear-se, essencialmente, na terapêutica médica especializada e, paralelamente, contar com a assistência e atividades de educação espiritual, sob a responsabilidade de instituições idôneas, da preferência do necessitado, esclarecendo o indivíduo da necessidade de elevar-se, pela ação e pelo merecimento, como herdeiro de Deus, digno de participar da grandeza do Universo.
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