RIO - A crise financeira que atinge o estado tem revelado sua face mais cruel na área da saúde. Pelo menos 12 hospitais da rede já foram afetados, principalmente por falta de insumos e de atrasos no pagamento de pessoal. O resultado são cirurgias suspensas — algumas de alta complexidade como de coração e transplantes de órgãos — e emergências em estado precário em que médicos se veem sem ter como prestar socorro. Até garis foram para dentro dos hospitais fazer a limpeza. Instaladas a partir de 2007, as UPAs, que também funcionam com pessoal terceirizado, enfrentam situação igualmente dramática.
De acordo com queixas de pacientes e profissionais, 15 das 29 unidades administradas pelo estado estão no limite. Muitas se mantêm abertas com restrições de atendimento e outras já fecham as portas à noite, embora o projeto seja conhecido pelo funcionamento 24h. Atingidas em cheio pela falta de recursos, essas unidades, criadas para desafogar os hospitais gerais, estão indo na contramão de seus princípios. Em meio a um surto de zika, funcionários das UPAs da Zona Sul sugeriam, no fim de semana, que os pacientes procurassem o Hospital Miguel Couto do município.
A gravidade do quadro fica ainda mais explícita na conduta inédita do diretor do Hospital Albert Schweitzer, Dilson da Silva Pereira, que, no último domingo, foi à delegacia deixar registrada a penúria de sua unidade e se prevenir para que médicos e enfermeiros não sejam responsabilizados por eventual danos a pacientes. Segundo fontes do governo ouvidas pelo GLOBO, a pasta da Saúde fecha o ano sem R$ 1,3 bilhão para pagar despesas — ou seja, responde pela maior parte da dívida do estado com fornecedores, estimada em R$ 2 bilhões. Do total, R$ 700 milhões são repasses devidos só a Organizações Sociais que assumiram a administração de unidades de saúde.
Ao mesmo tempo, o governo do estado tirou vários coelhos da cartola para pagar os salários dos servidores e a segunda parte do 13º, mas, a considerar a confusão desta segunda-feira nas agências bancárias, o ano ainda não terminou e nesta segunda a Alerj sacramentou medidas, como aumento de ICMS, cujo objetivo principal é só minimizar a crise que seguirá em 2016.
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